Relações Internacionais e Diplomacia

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Orlando Mazuze
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Guerra Israel – Palestina: Causas, Actores, Consequências e Implicações para Moçambique – P2

12/10/2023

A Influência Britânica como Causa do Conflito

No século XX, a região actualmente disputada por Israel e pela Palestina estava sob domínio do Império Otomano, uma superpotência que chegou a expandir a sua influência por cerca de três continentes partindo dos territórios hoje denominados de países como Bulgária indo até Grécia, Hungria, Jordânia, Egipto, Líbano, Israel, Síria, Romênia, partes da Arábia Saudita, os territórios palestinos, Macedônia e a costa norte da África de tal modo que é considerada a mais poderosa organização política islâmica da história, contudo, em 1922 chegou ao fim a sua hegemonia e a Grã-Bretanha que era a grande potência europeia da época assumiu o controle da região. A queda do império Otomano e a ascensão da Grã-Bretanha é resultado da astúcia britânica durante a I Guerra Mundial quando aliciou os territórios árabes do império a enveredarem por iniciativas nacionalistas a fim de constituírem um forte Estado Árabe separado da potência islâmica com vista a desestabilizarem o império para em troca ganharem o apoio britânico no processo das suas independências, esta proposta britânica visava a manutenção da sua posição numa região rica em petróleo e manter o controle sobre o Canal de Suez, esta intenção ganha corpo nas correspondências entre o Alto-Comissário Britânico no Cairo, Sir Henry McMahon e o Sharif Hussein de Meca nas quais faziam acordos sobre os territórios árabes no Império Otomano e a criação de um Estado Árabe.

A I Guerra Mundial culminou com a derrota do Império Otomano e a Grã-Bretanha manteve as suas ambições pelo poder assinando um acordo secreto com a França denominado Sykes – Picot (apelidos dos dois representantes dos dois países) ratificado em 1916 e tornado público depois da guerra visando a divisão desta zona antes ocupada pelos otomanos e exercer influência em duas partes, uma liderada pela França e a outra pela Grã-Bretanha, representando uma traição dos Britânicos face ao que propuseram aos árabes de tal modo que a tão sonhada independência dos árabes transformou-se numa nova ocupação visto que a Grã-Bretanha “ofereceu” a França os territórios que outrora prometera aos árabes. Nesta senda de acordos, a Grã-Bretanha assina mais um compromisso com os judeus prometendo a criação de um “Lar Nacional Judaico na Palestina”, a promessa passava por conceder aos judeus o mesmo território que prometeu aos árabes e também aos franceses, isto é, os britânicos prometeram o mesmo território a três entidades distintas, primeiro os Árabes do Império Otomano, a seguir a França no âmbito do acordo Sykes – Picot e por fim a promessa de criação de “Lar Nacional Judaico na Palestina” para os judeus.

A promessa feita aos judeus, ficou conhecida como Declaração de Balfour (apelido do ministro Britânico de Negócios Estrangeiros da época, Lorde Balfour), esta declaração datada de 1917 pode ser considerada o princípio do conflito que existe nesta região até hoje, é importante dizer que este documento britânico tinha outras motivações como por exemplo a necessidade de pressionar os Estados Unidos da América a entrar na I Guerra Mundial bem como conseguir algum apoio financeiro dos Judeus durante a referida guerra. A França e a Grã-Bretanha dividiram a região em Estados, nomeadamente, a França dividiu a grande Síria em Síria e Líbano e a Grã-Bretanha dividiu a o território da Palestina em Palestina e Transjordânia, esta última era uma espécie de redenção dos britânicos em relação ao Sharif Hussein com quem assinou o acordo (tendo o traído a seguir) de apoio na criação do Estado Árabe, assim, o filho do Sharif Hussein, Abdullah, tornou-se no Emir da Transjordânia. As várias acções incompatíveis dos britânicos que podem ser consideradas artimanhas apenas contribuíram para o surgimento do conflito entre os dois povos, pois, se por um lado os judeus acreditavam que iriam ter a sua nação na Terra Santa, os palestinos acreditavam que também teriam o seu território no mesmo lugar. O início dos conflitos deu-se com a primeira fase da Revolta Árabe de Abril a Novembro de 1936 que representava o descontentamento dos árabes ao crescente número de imigrantes judeus, bem como pela segunda fase da mesma revolta que se deu de Setembro de 1937 a Janeiro de 1939 que se diferenciou da primeira pelo elevado nível de violência resultando na morte de 5 mil árabes e consequente derrota do grupo.

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