O fim da Influência Britânica, a entrada da Liga das Nações e Nações Unidas
Na região da Palestina coabitavam os judeus e os árabes, mas as decisões da Liga das Nações fundada depois da I Guerra Mundial favoreciam os judeus que apesar de serem a menor população, ganharam legitimidade para colonizar o território como resultado do estatuto especial que a organização atribuiu para a Palestina resultante da promessa britânica de construir “Lar Nacional Judaico na Palestina”, mais tarde, com o final da II Guerra Mundial, o Sistema Internacional sofre profundas mudanças com destaque para a queda da Grã-Bretanha do estatuto de superpotência mundial e ascensão de novas potências nomeadamente os Estados Unidos da América e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a saída dos Britânicos de cena, levou os EUA a procurarem manter a posição que esta ocupava na região do médio oriente, de tal modo que em Fevereiro de 1947, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Ernest Bevin reconheceu a incapacidade de continuar a lidar com a questão da Palestina e passou a gestão do dossier para as Nações Unidas que o fez através da Comissão Especial das Nações Unidas para a Palestina (CENUP) que foi à votação em Novembro de 1947, uma votação que passou com cerca de 33 votos a favor (incluindo o voto surpreendente da União Soviética) que culminou com a resolução 181 que aprovava a divisão da Palestina em dois Estados (Árabe e Judeu) e com o estatuto internacional para Jerusalém. A divisão da Palestina consistiu na atribuição de 56% do território palestiniano ao povo judeu (que era apenas 30% da população total de todo o território e era uma população tida como externa ou imigrante) e o que naturalmente desagradou a Palestina desembocando uma guerra civil.
Com o fim da ocupação britânica na Palestina, no dia 14 de Maio de 1948, David Ben-Gurion proclamava a independência o Estado de Israel e no dia seguinte 5 Estados árabes nomeadamente Egipto, Iraque, Líbano, Síria e Transjordânia declararam guerra contra o recém-formado Estado naquela que é considerada a primeira Guerra Israelo-Palestiniana e Israelo-árabe, esta guerra culminou com a derrota dos árabes e consequente aumento do território do Estado Israelita. Depois da primeira guerra israelo-árabe seguiram-se mais 4 guerras com destaque para a guerra de 1983 a 1974 também conhecida como a Guerra de Yom Kippur, que é um dia sagrado para os judeus. Nesta guerra, o Egipto recuperou a península de Sinai outrora capturada por Israel durante a Guerra dos 6 dias em 1967 que também teve como marco a vitória de Israel contra a coligação árabe que culminou com a captura da Faixa de Gaza por parte dos judeus. Com o final da Guerra de Yom Kippur, Gaza continuou sob controle dos Israelitas e seis anos depois, o Egipto assina um acordo de paz com Israel, tornando-se no primeiro país árabe a fazê-lo, seguido pela Jordânia anos depois.
Qual é o estatuto da Palestina na Arena Internacional?
O Estatuto da Palestina varia de acordo com o actor e seus interesses, por exemplo, as Nações Unidas consideram a Palestina um Estado Observador não membro, o que permite aos palestinos participarem das Assembleias Gerais da organização, contudo, mais de 70% dos Estados membro da ONU reconhecem a Palestina como um Estado mas a forte aliança que os EUA tem com Israel faz com que este vete qualquer intenção de se considerar a Palestina como um Estado e membro das Nações Unidas, a relação entre os EUA e Israel encontra forte apoio ao nível doméstico dado o facto de a Política Externa dos EUA em relação a Israel ter legitimação de uma ala bastante influente da sociedade, que é o eleitorado evangélico que acredita nas profecias bíblicas sobre Israel de tal modo que em 2018, durante o Governo de Donald Trump, Washington passou a embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém.
A Palestina tem apoio do Hamas, uma organização classificada como fundamentalista com três áreas de actuação, o sector político, militar e social. Ao nível militar, Israel, os Estados Unidos e a União Europeia consideram o Hamas um grupo terrorista, a palavra “Hamas” é um acrônimo para “Harakat Al-Muqawama Al-Islamiyya” – que em tradução livre significa “Movimento de Resistência Islâmica”, o grupo tem como objectivo acabar com Israel que insiste ser uma potência colonizadora.
Esta abordagem histórica deste conflito, serve de plataforma para o próximo artigo que vai trazer uma análise sobre a escalada deste conflito e as suas consequências para o Sistema Internacional com destaque para o nosso país, Moçambique, para receber o artigo em primeiro mão, cadastre o seu email via comentário e estará devido actualizado sobre a Política Internacional numa perspectiva moçambicana. Até Já.
Referências
Bezerra, V. (2023). Do sagrado ao político: como uma profecia bíblica ajuda a explicar a relação entre EUA e Israel?
Dutra, A. (2019) Quem são os Palestinos
Gomes, A. (2001) Revista Ciência Contemporânea. Universidade de São Paulo
Muirazeque, E. (2021) Economia Política e Conflitos Inter-Estatais no Médio Oriente. Universidade Joaquim Chissano. Maputo
Rocha, I. (2019) O conflito israelo-palestino: entre passado e presente. Florianópolis
Resende, F. e Rossignoli, L. (2015) O conflito Israel/Palestina como acontecimento jornalístico: análises de narrativas do jornal Folha da Manhã (1936/1946). Galaxia (São Paulo, Online)
Silva, J. & Philippini R. (2017) Israel E Palestina: Da “Terra Santa” A Um Território Em Conflito. Revista Ciência Contemporânea
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O artigo é muito Enriquecedor
É muito claro é facil de compreender os assuntos que ocorrem no SI, desde o ponto de Origem ao momento actual. Parabéns Orlando
Obrigado Márcia.
É uma honra poder acessar tua plataforma para me informar sobre os atuais acontecimentos no sistema internacional. Muita força,
Meu caro Araújo, agradeço pelo seu comentário.
Crescemos juntos.
artigo super interessante
Obrigado cara Adelaide.
Interesting article
Obrigado caro Teófilo.